Esculpir no escuro

Um abraço forte, tudo o que eu precisava!
Um beijo e um sorriso, uma respiração mais forte que o normal...
Acordei me perguntando, cadê meu escudo?
Cadê meu abraço? Meu sorriso? Minha louca vontade de você?
Por onde anda meu bem? por onde anda tudo que eu sempre quis?
Talvez nos meus sonhos? Que seja.
Atualmente meus sonhos dormem junto comigo!
Antes que eu pegue no sono meus sonhos já estão dormindo.
Meus planos foram fazer uma viagem no espaço e minha vontade de você morreu e ninguém foi no interro.
Eu criei uma felicidade no escuro, eu conseguia sentir e tocar a irrealidade mal esculpida, e ainda assim eu tentei modelar no escuro.
Sujei minhas mãos de barro, manchei meu chão de verniz. Eu tentei!
E quando eu liguei a luz, eu vi que não bastava eu modelar sozinha, que duas mãos não eram suficiente, eu precisava de quatro!
Eu precisava de mais... O que eu tinha era muito! Porém pouco pra dois!
Do que adianta criar uma arte de olhos fechados? Do que adianta viver no escuro?
De luz acesa a gente enxerga cada pedrinha no caminho, a gente guarda as pedrinhas e junta num potinho, pra fazer um castelo!
De luz acesa a gente não tem medo de errar e tudo se encontra perfeitamente e os erros facilmente são corrigidos.
O bom mesmo é sentir, ver e ter! É saber que por mais que esteja no escuro escupindo uma arte de olhos fechados, tem outra mão sobre a sua.
Tem outra mão que vai cobrir seus olhos quando as luzes se acenderem, e que delicadamente te fará enxergar o quanto valeu a pena viver no escuro.
O triste é acender a luz e sentir os olhos ardendo com a luz forte sobre o rosto, é lacrimejar com o que se vê no claro!
E agora de luz acesa? Agora eu quero escupir a arte mais bonita, pintar com os dedos a parede do meu quarto, rasgar com as unhas a tela mal pintada... Agora eu vou comprar uma lanterna e carregar no bolso, caso falte luz eu terei uma lanterna pra me ajudar a segurar a mão certa na hora de escupir no escuro.


By Priscila Koppe!